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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Madrugada


Já não lhe bastava mais as manhãs, encontrava-se agora amorosamente com todas as madrugadas. Vivia a vagar entre a escuridão quase total, sendo acompanhado somente pelo clarão da lua e das estrelas ou, ás vezes, nem isso. Observava as luzes dos sinais de trânsito, que passavam seqüencialmente do verde, para o amarelo e o vermelho, do qual não serviam de alerta para ninguém: só o nada passava por ali.

Ouvia gemidos de paixão, choros desesperados, a inquietação dos gatos baldios encostados nas latas de lixo. A madrugada, que parecia ser tão inanimada para a maioria das pessoas, tinha sua vida: silenciosa, desesperada e discreta, ocupando tudo com a sua atmosfera de poemas de amor esquecidos e abandonados no ar.

Talvez por ser tão inconstante e durar tão pouco tempo, ela tornou-se seu principal objeto de paixão, fazendo-o esquecer da existência do sol e da permanência das manhãs.

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