Os diversos papéis amassados sobre a mesa já indicavam o inicio de mais uma crise produtiva de Paulo. Era difícil para ele admitir desencontrar-se entre as palavras que durante vinte anos eram suas amantes ardentes, seu consolo absoluto, a vórtice para outro mundo.
Quando um provável divórcio entre eles era dado como fato, a sua reação era a mais desesperadora possível. Seus passos demonstravam-se ansiosos, esperando o sonhado momento no qual, ele poderia acariciar as suas queridas frases novamente.
Paulo nunca se imaginou longe das suas histórias. O homem deprimido que morava em um velho apartamento na Avenida Paulista, a mulher que não sabia lidar com seus filhos, a criança e seu dia ensolarado na praia faziam parte do leque de personagens que o completavam e o agradavam tanto que só de pensar que talvez a sua crise nunca mais cessasse, a loucura começava a atormentá-lo.
Era o conceito, o enredo, o verso e as vidas alheias os seus eternos e intensos amores que nunca poderiam deixá-lo. Nunca.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
A crise de Paulo
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2 comentários:
Escrever é um amor e, quando o amor foge, dá um medo, uma desesperança,... mas o amor volta...
se um dia eu cruzar por entre suas palavras, prometo nunca te deixar...
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