Ela havia chegado em casa por volta da uma da tarde e o mundo ainda não lhe era suficientemente grande para a imensidão dos seus sentimentos.
Tirava a roupa do colégio, trancava a porta do quarto, ligava o som no volume máximo, fingia se esquecer lembrando. Deitava no chão gelado, fechava-se pro universo e voltava-se para si. Sua mãe continuava chamando-a para almoçar, a fome ainda não havia lhe visitado, não tinha chegado a hora de se abrir para o presente, agora o passado lhe interessava mais.
A sua infância destacava-se entre os suas mais remotas lembranças, coisas que ela pensava que haviam se perdido, mas sempre estavam ali. Os dias na praia, as fotos mal tiradas, o portal para outro mundo, as lágrimas sem motivo, os aniversários, as bolas coloridas, o orgulho ferido, as diversas amigas, os cachinhos do seu cabelo, a prima irmã, o amor, os amores, os beijos, o plural e o singular.
Uma hora diária lhe era suficiente para fazer uma visita a si mesma, permitia-se ser feliz relembrando as cores do que existiu e fantasiando um futuro que ainda iria chegar.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
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4 comentários:
obrigada pelos pedaços de mim, gazé.
e qual a trilha sonora ?
Você escreve bem minha amiga. (:
Amei. Te amo.
e esse futuro será que um dia vai chegar?
adorei a sua maneira de escrever.
muito envolvente.
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